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Insulinas biossimilares a caminho

insulin-in-treating-diabetes-ga-1.jpgNoventa anos após a descoberta da insulina, a terapia utilizando a reposição deste hormônio continua a ser o mais prescrito e recomendado pelos médicos para o tratamento do diabetes tipo 1 e tipo 2 (1). Nos últimos 10 anos, impulsionado pelo crescimento da prevalência de diabetes, aumento da expectativa de vida, envelhecimento da população e a natureza crônica da doença, o mercado de insulina tem crescido a uma taxa anual de 7% em vendas do medicamento (2). Como consequência, em 2011, as vendas mundiais chegaram a US $ 16,7 bilhões, um aumento de 12,5% em relação a 2010. Nos EUA, as vendas de insulina totalizaram 8,3 bilhões dólares em 2011, resultando em um aumento de 14,9% em relação a 2010 (3). Atualmente, três empresas dominam o mercado mundial de insulina em termos de receita: Novo Nordisk (41%), Sanofi (32%), e Eli Lilly (20%), (3 e 4).

Com a expiração das patentes dos principais análogos da insulina a partir de 2015, surge um novo desafio de P&D para as indústrias farmacêuticas atuantes neste mercado. Nos próximos dois anos, três principais análogos de insulina, lispro (Humalog da Eli Lilly), aspart (Novolog/Novorapid da Novo Nordisk) e glargina (Lantus da Sanofi), irão perder a proteção de patente. Atentos a isto, fabricantes de produtos farmacêuticos empreenderam alguns milhões de dólares no desenvolvimento de versões alternativas destas insulinas, denominados como “biossimilares”, no intuito de aproveitar as novas oportunidades de negócios que se abrem com o fim da proteção de patentes (3 e 4). Por exemplo, a patente para glargina (Sanofi) expira em 2014-2015 e a empresa Eli Lilly, que possui dois biossimilares em desenvolvimento (LY260554 e a LY2963016), recebeu, no inicio do mês de agosto deste ano, uma recomendação favorável do Comitê dos Medicamentos para Uso Humano (CHMP) para a aprovação do composto de investigação LY2963016, um novo produto à base de insulina glargina, para o tratamento do tipo 1 e tipo 2 da diabetes (5). O novo produto desenvolvido pelas empresas Eli Lilly e Boehringer Ingelheim é a primeira insulina biosimilar recomendada para aprovação na União Europeia (UE).
A insulina glargina da Lilly-BI é uma insulina basal, cujo nome sera Abasria, medicamento biológico similar ao medicamento de referência Lantus (insulina glargina da Sanofi). Estudos mostraram que o Abasria tem um perfil de qualidade, segurança e eficácia comparável ao Lantus, comprovados em ensaios clínicos (5), e se destina a fornecer um controle duradouro do açúcar no sangue entre as refeições e controle glicêmico durante a noite. Ela tem a mesma sequência de aminoácidos da glargina e está caracterizada como biossimilar pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA- European Medicines Angency) (6). A recomendação do CHMP é baseada no programa de desenvolvimento não-clínico e clínico das empresas, que incluiu estudos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, bem como estudos de Fase III em pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 (5, 6 e 7). É esperada a decisão final da Comissão Europeia em aproximadamente dois meses, porém o biossimilar só poderá ser comercializado após o fim da proteção de patente.
No entanto, é preciso ter cautela em trazer essas novas insulinas para o mercado. Em geral, um fabricante de biossimilares deve demonstrar que o seu produto é semelhante o suficiente a um produto de referência para servir como uma alternativa à ele (7). A eficácia, a segurança e estudos comparativos são necessários e devem ser realizados tanto quanto a demonstração da sua biossemelhança. Os patrocinadores devem identificar, em cada etapa de aprovação, qualquer incerteza residual sobre sua biossemelhança com o produto referência, e determinar exames complementares que eliminariam, ou ao menos diminuiriam, essa incerteza (8). O modelo de teste clinico usado para determinar a segurança e a eficácia do biossimilar deve ser capaz de detectar qualquer diferença, quando existe, entre os produtos. As diretrizes da ANVISA (RDC 55/2010) para regulamentação de biossimilares são semelhantes às diretrizes das OMS (Organização Mundial de Saúde) e EMA, e abrangem os principais aspectos como caracterização estrutural e funcional extensiva da molécula (demonstração de biossimilaridade), que é a base para o de um desenvolvimento de um produto biossimilar, e comparabilidade físico-química e biológica (incluindo ensaios funcionais), alem de estudos de fase III e plano de gerenciamento de riscos. Com base nos resultados obtidos, é possível extrapolar as indicações terapêuticas entre o produto biossimilar e o de referência (6).
A esperada entrada de biossimilares no mercado de insulina pode afetar, significativamente, o mercado nos próximos anos. Com a prevalência significativa e crescente de diabetes em todo o mundo, os clínicos e as empresas devem se esforçar para encontrar maneiras de alocar eficientemente os recursos de saúde, sem colocar em risco a segurança do paciente (7 e 8). As insulinas biossimilares sendo desenvolvidas, têm o potencial de proporcionar os mesmos benefícios clínicos dos medicamentos já comercialmente disponíveis, com um notável impacto sobre os custos do tratamento do diabetes (8). A acessibilidade ao medicamento associado a livre concorrência de mercado, poderá gerar um grande número de escolhas para um produto biossimilar de insulina disponível para os pacientes, bem como motivar o desenvolvimento das próximas gerações de medicamentos inovadores.

Referências Bibliográficas
1 -Wallia A, Molitch ME. Insulin therapy for type 2 diabetes mellitus. JAMA. 2014 Jun 11;311(22):2315-25.
2- Lisa S. Rotenstein, BA, Nina Ran, BA, Joseph P. Shivers, BA, Mark Yarchoan, MD, and Kelly L. Close, MBA. Opportunities and Challenges for Biosimilars: What’s on the Horizon in the Global Insulin Market?. Volume 30, Number 4, 2012 • CliniCal Diabetes
3- Edelman S, Polonsky WH, Parkin CG. Biosimilar insulins are coming: what they are, what you need to know. Curr Med Res Opin. 2014 Aug 20:1-6.
4 -: Blumer I, Edelman S. Biosimilar insulins are coming: the top 10 things you should know. Postgrad Med. 2014
5 – ClinicalTrials.gov – NCT01600950, NCT01476345 e NCT01374178
6- http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/medicines/human/medicines/002835/smops/Positive/human_smop_000706.jsp&mid=WC0b01ac058001d127
7 – Kuhlmann M, Marre M. Lessons learned from biosimilar epoetins and insulins.Br J Diabetes Vasc Dis 2010;10:90-7
8 -Heineman L, Hompesch M. Biosimilar insulins: how similar is similar?- J Diabetes Sci Tech 2011;5:741-54
FONTE: http://www.biotec-ahg.com.br/index.php/pt/acervo-de-materias/saude/849-insulinas-biossimilares-a-caminho

Sobre Priscila Torres

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O diagnóstico de uma doença crônica, em 2006, me tornou, blogueira e ativista digital da saúde. Sou idealizadora do Grupo EncontrAR e Blogueiros da Saúde. Vice-Presidente do Grupar-RP, presidente do EncontrAR. Apaixonada por transformação social, graduanda em Comunicação Social "Jornalismo" na Faculdades Unidas Metropolitanas.

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