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Inverno pode agravar sintomas da dermatite atópica

As baixas temperaturas dos meses mais frios do ano e alguns hábitos neste período afetam mais quem tem dermatite atópica, doença inflamatória crônica que atinge 20% das crianças e 3% dos adultos¹.

O médico dermatologista e professor da Universidade de Taubaté (SP), Samuel Henrique Mandelbaum, explica que os fatores mais prejudiciais nesta época do ano são a baixa umidade relativa do ar e o aumento na temperatura dos banhos, fatores que ressecam ainda mais a pele dos pacientes.

“O paciente com dermatite atópica apresenta uma deficiência na barreira cutânea, cuja função é a manutenção de água do organismo e, portanto, ele já perde mais água do que o normal. Por isso, o banho quente para estas pessoas é altamente prejudicial, pois a água em altas temperaturas remove o óleo natural da pele, deixando-a mais ressecada e sem proteção”, explica o especialista.

A dermatite atópica apresenta níveis de severidade que variam entre leve, moderado e grave. Os sintomas incluem coceira intensa e incontrolável, pele seca, vermelhidão, lesões e rachaduras, gerando grande impacto na qualidade de vida. A doença interfere no sono e no estado emocional dos pacientes, especialmente nos casos moderados a graves. Neste grupo de pacientes, quadros de ansiedade e depressão estão presentes em 51% dos casos e 55% dos pacientes relatam dificuldade em dormir cinco ou mais noites por semana².

Outro desafio para o paciente com dermatite atópica é a escolha das roupas e 83% das pessoas que apresentam a doença moderada ou grave informa que a doença interfere no vestuário. Com o clima frio, essa situação se agrava, pois as roupas de frio normalmente são de lã ou ficaram guardadas durante muito tempo, podendo ter acumulado fungo e mofo, o que pode agravar os sintomas da doença. Por conta disso, outra recomendação do especialista para esta época do ano é o cuidado com as roupas. “É importante que os pacientes com dermatite atópica deem preferência a roupas de algodão e que as lavem antes de usá-las.”

Tratamento

A dermatite atópica não tem cura e por isso demanda tratamento contínuo juntamente com medidas de controle e cuidados especiais para evitar as crises e para reduzir o aparecimento dos sintomas da doença.

A hidratação é o cuidado mais básico, indicado para todos os pacientes, independente do nível de gravidade da doença. Dr.Mandelbaum recomenda que a hidratação seja feita até três minutos após o banho, o que ajuda na manutenção da umidade da pele. “Uma pele desidratada e seca coça mais e a coceira irrita a pele, criando assim um círculo vicioso que agrava o quadro da doença”, complementa.

Para pacientes com dermatite atópica moderada a grave, o tratamento inclui o uso de corticoides ou terapias sistêmicas, que são indicados pelo médico dermatologista ou imunologista conforme o quadro e histórico de saúde do paciente. Para os casos de pacientes adultos com dermatite atópica moderada a grave e cuja doença não é controlada com as terapias tópicas ou quando estes tratamentos não são recomendados, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no final de 2017 o dupilumabe, primeiro medicamento biológico para o tratamento da dermatite atópica.

O produto é um anticorpo monoclonal totalmente humano com mecanismo de ação inovador que inibe a ação de duas citocinas (IL-4 e IL-13) fundamentais no desenvolvimento da doença. Quando o nível dessas citocinas está elevado, células inflamatórias são secretadas, causando inflamação da pele e os demais sintomas relacionados à dermatite atópica. Dupilumabe funciona como um bloqueador para essas citocinas não causarem a inflamação sem impedir que elas funcionem, o que acarreta em menos impactos e mais segurança no uso pelos pacientes.

Referências:

  1. 1 S. Nutten. Atopic Dermatitis: Global Epidemiology and Risk Factors. Ann Nutr Metab 2015;66(suppl 1):8–16
  2. Simpson EL et al. Patient burden of moderate to severe atopic dermatitis (AD): Insights from a phase 2b clinical trial of dupilumab in adults. J Am Acad Dermatol. 2016 Mar; 74(3): 491-8

Sobre Priscila Torres

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O diagnóstico de uma doença crônica, em 2006, me tornou, blogueira e ativista digital da saúde. Sou idealizadora do Grupo EncontrAR e Blogueiros da Saúde. Vice-Presidente do Grupar-RP, presidente do EncontrAR. Apaixonada por transformação social, graduanda em Comunicação Social "Jornalismo" na Faculdades Unidas Metropolitanas.

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