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A Otite é uma das causas mais comuns de infecção na primeira infância

Considerada uma das causas mais comuns de infecção na primeira infância, em especial, na idade pré-escolar (crianças até 6 anos de idade), a otite média (OM) é uma das principais fontes de morbidade (convalescência, doença) nesta fase.

De acordo com a médica otorrinolaringologista e especialista em Otoneurologia, Dra. Jeanne Oiticica, a doença lidera as causas de ida ao médico nesta faixa etária e é também o principal motivo de prescrição de antibióticos e indicação de cirurgias na infância. “Mais de 60% dessas crianças irão apresentar episódios de OM em algum momento. Até os três anos de idade praticamente todas as crianças irão apresentar pelo menos um episódio de OMA (otite aguda), e cerca de 50% delas terão episódios recorrentes (três ou mais episódios em 6 meses, quatro ou mais episódios em 12 meses)”, aponta a especialista.

Em geral, a otite média é causada por bactérias ou vírus. “Na maioria das vezes a causa é bacteriana. Streptococcus pneumoniae, Haemophilus Influenzae, Staphylococcus aureus, Moraxella catarrhalis e S pyogenes são as bactérias que mais comumente causam otites. Em crianças até 2 anos de idade os vírus representam cerca de 40% dos casos, entre eles o vírus Syncycial respiratório e o Rhinovirus humano. A perfuração espontânea da membrana timpânica trata-se de uma complicação que pode ocorrer em até 30% dos casos”, explica a médica.

Saiba quais são os sintomas e como identificá-los

A OM pode ser dividida em categorias: aguda (OMA), aguda recorrente (OMAR), com efusão (OME), crônica OMC, crônica supurativa (OMCS). A OMA se caracteriza por efusão na orelha média, quadro de início abrupto e brusco, com sinais e sintomas de inflamação local (muita dor que pode interferir no sono e nas atividades rotineiras, sensação de ouvido tampado, otorreia); além de sintomas sistêmicos como febre, mal estar geral, falta de apetite, náuseas, vômitos. A OMA Lidera as causas para uso de antibióticos em crianças. O pico de prevalência da OMA ocorre dos 6 a 18 meses de idade. Algumas crianças apresentam episódios recorrentes de OMA (OMAR), cuja definição inclui três ou mais episódios de OMA em 6 meses ou quatro ou mais episódios de OMA em 12 meses.

Já a OME é definida por efusão na orelha média sem os sinais e sintomas decorrentes da infecção aguda da orelha. Ela varia de sintomas ausentes ou mínimos, a distúrbios do sono, e até mesmo perda auditiva significativa e impacto direto na fala. A OME que persiste por mais de três meses pode ser considerada OMC. Ela pode ocorrer como parte da recuperação da OMA, tendo em vista que a inflamação aguda resolveu, porém bactérias remanescentes ainda podem estar presentes na orelha. A OMCS indica inflamação persistente na orelha média, que leva à otorreia (purgação do ouvido, vazamento de pus pelo ouvido), que persiste por pelo menos 2 semanas (em alguns casos persiste por meses ou anos), com perfuração da membrana timpânica.

“Inflamações/infecções do nariz não tratadas ou tratadas de forma incompleta podem afetar diretamente o ouvido. Malformação congênita do osso do ouvido, condições de baixa imunidade também podem propiciar o quadro ou complicações. Crianças com OMA em ambos os ouvidos, não tratadas com antibióticos, são mais propensas a otites persistentes. Crianças que não respondem como esperado ao tratamento padrão, em 48 a 72 horas, devem ser melhor investigadas, por meio de exame clínico mais detalhado com especialista e até mesmo exames de imagem”, alerta a Dra. Jeanne.

Prevenção

As OM podem vir acompanhadas de comorbidades como má nutrição, anemia, HIV, dentre outras. Aleitamento materno, evitar o cigarro durante e após a gestação, reduzir a exposição à poluição ambiental podem prevenir o aparecimento de OMA, suas complicações e sequelas. O tratamento imediato, adequado e correto dos quadros de gripes, resfriados, alergias, rinites, sinusites é fundamental, pois evita que a doença se alastre e ocupe a orelha média.

A médica explica que algumas vacinas também têm impacto direto na prevenção da otite média, como a Pneumococcus Conjugada (VPC). “A VPC13, capaz de conferir imunidade a 13 cepas diferentes, é eficaz na prevenção de otites pelo S pneumoniae. As Vacinas Haemophilus Influenzae tipo B (Hib) conjugadas praticamente erradicaram a doença Hib invasiva em crianças, nos países onde estas são usadas de rotina”, explica Dra. Jeanne.

Tratamento

O tratamento da doença é feito a base de antibióticos, corticoides, gotas tópicas no ouvido (em casos de perfuração da membrana timpânica), analgésicos, anti-inflamatórios são formas comuns de tratamento na vigência de quadro agudo, crise aguda de OM. “Para evitar recorrências é fundamental tratar a causa da otite, seja ela rinite, adenóide, baixa imunidade, alergia, etc. Em alguns casos, a cirurgia faz-se necessária, vai depender da recorrência dos sintomas e do impacto direto na fala, linguagem, sono, qualidade de vida da criança em questão”, conclui a especialista.

Perfil Dra. Jeanne Oiticica

Médica otorrinolaringologista concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.

Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia  (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Responsável pelo Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.

Sobre Priscila Torres

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O diagnóstico de uma doença crônica, em 2006, me tornou, blogueira e ativista digital da saúde. Sou idealizadora do Grupo EncontrAR e Blogueiros da Saúde. Vice-Presidente do Grupar-RP, presidente do EncontrAR. Apaixonada por transformação social, graduanda em Comunicação Social "Jornalismo" na Faculdades Unidas Metropolitanas.

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