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Anvisa aprova medicamento inédito para enxaqueca

O Pasurta é destinado à prevenção das crises da doença. A previsão é que o tratamento esteja disponível para compra no primeiro semestre deste ano.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na segunda-feira (25) o primeiro tratamento específico para a prevenção da enxaqueca. O erenumabe é um medicamento biológico que reduz pela metade as terríveis e temíveis crises, em 50% dos pacientes, segundo os estudos realizados antes de seu lançamento.

Até hoje, todos os tratamentos contra enxaqueca agiam de forma indireta no tratamento da dor. O erenumabe é o primeiro medicamento desenvolvido especificamente para a doença. É injetável. A seringa, semelhante à da aplicação de insulina para o diabetes, pode ser usada pelo próprio doente – na barriga, no braço ou na perna.

Nos Estados Unidos, o medicamento foi aprovado em maio do ano passado e uma única dose (mensal) custa o equivalente a pouco mais de 2.000 reais. Ainda não se sabe quanto custará o tratamento por aqui, mas estima-se que o valor seja semelhante.

O valor de venda de um remédio só é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) em até 90 dias após a aprovação da Anvisa. A definição do preço tem como base o menor custo praticado em uma lista de países em que o produto já é comercializado, como Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Espanha, França, Grécia, Itália, Portugal e EUA.

Fabricada pela Novartis, a previsão é que o Pasurta (nome comercial do erenumabe) esteja disponível para os pacientes via clínicas de aplicação e delivery em seringas pré-preenchidas com dose única ainda neste semestre. O erenumabe é o primeiro, mas não é o único tratamento específico contra a doença.

O fremanezumabe, da farmacêutica Teva, foi aprovado recentemente nos Estados Unidos e deve desembarcar por aqui em 2020. Outros dois medicamentos com ação semelhante também estão prestes a serem carimbados.

Como age o novo medicamento

O erenumabe age na borda da meninge, membrana localizada na superfície do cérebro. Ele inativa um composto químico cerebral chamado CGRP, substância que desempenha um papel importante no ciclo da enxaqueca. Essa substância, por sua vez, é liberada pelo nervo trigêmeo, estrutura que se estende por quase toda a cabeça. Em pessoas saudáveis, ele participa das funções vasodilatadora e inflamatória, necessárias para o bom funcionamento do corpo todo. Em pessoas com enxaqueca, por algum motivo ainda misterioso, o CGRP se apresenta em quantidades abundantes, deflagrando a dor de cabeça.

A molécula pertence à família das drogas mais modernas na medicina, os chamados anticorpos monoclonais, que atuam em alvos específicos. Estudos mostram que as reações aos remédios atualmente utilizados para a doença (náuseas, sedação, ganho de peso e até disfunção erétil e confusão mental) fazem com que oito em cada dez pessoas interrompam o tratamento ou não o sigam corretamente. O principal efeito adverso do erenumabe é apenas dor no local da aplicação da injeção.

Enxaqueca

A enxaqueca é uma doença neurológica e a terceira enfermidade mais prevalente no mundo. Muito mais que uma dor de cabeça, ela incapacita a pessoa com náuseas, vômitos, sensibilidade à luz, som e odores, além das cefaleias recorrentes e pulsantes, típicas da enfermidade. Não é simples debelá-la, por envolver uma centena de mecanismos em sua formação. A ciência ainda desconhece a maioria deles.

A enxaqueca é terceira doença mais comum no mundo e atinge uma em cada sete pessoas, o que representa no Brasil cerca 30 milhões de pessoas. As mulheres tem três vezes mais incidência do que nos homens. A explicação está no fato de o cérebro dos portadores de enxaqueca ser mais sensível às oscilações hormonais, em especial do estrógeno, um composto feminino, atalho para o aumento de sensibilidade dos centros nervosos relacionados à dor.

A enxaqueca é tão frequente, tão onipresente, que passou a alimentar estudos econômicos. Um levantamento internacional conduzido em oito regiões do mundo, o , classificou a enxaqueca como a terceira causa de incapacidade entre pessoas com Carga Global de Doenças menos de 50 anos. Outro estudo mostrou que a enxaqueca diminuiu pela metade a produtividade no trabalho.

Para se ter uma ideia, apenas na Europa os custos da perda de produtividade de funcionários com enxaqueca – e que não aparecem para trabalhar – é de 27 bilhões de euros ao ano. Nos Estados Unidos, são 17 bilhões de dólares. Um trabalho do Instituto para Revisão Clínica e Econômica, organização americana sem fins lucrativos, mostrou que os pacientes com enxaqueca marcam menos compromissos com medo da dor, que é deflagrada sem aviso prévio.

Como prevenir

O erenumabe é um alento, mas não representa, infelizmente, a cura da doença. Outras medidas, especialmente que alteram o estilo de vida, podem ajudar quem sofre desse mal. Uma vida mais saudável e menos sedentária é fundamental. Não é certeza de eliminação das dores, mas reduz o risco do surgimento das crises e pode diminuir sua intensidade. A tensão é o principal gatilho das crises, que costumam ser precedidas por momentos de stress. Além do relaxamento, uma boa alimentação, o controle do peso, a ingestão de líquidos e a prática de atividade física ajudam a afastar a dor.

Fonte: Veja Abril

Sobre Priscila Torres

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O diagnóstico de uma doença crônica, em 2006, me tornou, blogueira e ativista digital da saúde. Sou idealizadora do Grupo EncontrAR e Blogueiros da Saúde. Vice-Presidente do Grupar-RP, presidente do EncontrAR. Apaixonada por transformação social, graduanda em Comunicação Social "Jornalismo" na Faculdades Unidas Metropolitanas.

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