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Carta aberta à ANS em defesa das pessoas com Diabetes Tipo 2

No último dia 10 de fevereiro, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a despeito do volume de evidências e recomendações, anunciou sua decisão de não incluir a cirurgia bariátrica/metabólica para os portadores de diabetes tipo 2, um dos tratamentos recomendados para aqueles que estão obesos e não conseguem controlar a doença.

A se manter essa decisão, os usuários dos planos de saúde que sangram seu orçamento todos os meses para ter acesso a uma medicina de qualidade continuarão desassistidos, desamparados, órfãos da proteção do órgão que deveria resguardá-los.

A ANS se recusa a ouvir a ciência, o Conselho Federal de Medicina, que escrutinou todas as evidências e regulamentou o procedimento desde 2017. Não ouviu a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica nem o Colégio Brasileiro de Cirurgiões e nem o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva. Não ouviu os Hospitais Sírio Libanês e Oswaldo Cruz. Também não ouviu a voz das universidades, da UNICAMP, da UFPR, da UFPE, e de tantas outras que contestaram através da Consulta Pública que a própria ANS promoveu. Não considerou as recomendações das mais de 50 entidades médicas internacionais.

A ANS foi surda e muda para com as centenas de contribuições de familiares, pacientes e associações de pessoas com diabetes, como a ADJ Brasil, que manifestaram seu anseio por uma chance de melhorar suas vidas e se afastarem das sequelas do diabetes.

A ANS não leu as dezenas de estudos randomizados, duplos-cegos, publicados nas maiores revistas médicas do mundo.

A ANS não ouviu o choro e o lamento de milhares de pacientes e de familiares que diariamente se deparam com uma perna amputada, a visão perdida ou a função renal substituída por uma máquina de hemodiálise.

A ANS não olhou para a lista de comorbidades das mais de 200 mil vítimas da covid-19 no país, onde obesidade e diabetes são os principais cúmplices do vírus para aqueles que perderam a vida antes dos 65 anos de idade.

A ANS não ouviu os mais de 1.500 depoimentos da sua própria consulta pública que foram contra sua recomendação, 99% do total de contribuições, prova cabal de que tudo foi uma mera encenação para dar ar de legitimidade ao processo. Estranhamente, a ANS ouviu as 18 contribuições (apenas 1% do total) que apoiaram a negativa de cobertura. Não por acaso, 14 delas oriundas dos planos de saúde ou seus representantes.

A ANS ignorou que bastam 10 centavos por mês, por usuário, para oferecer esse tratamento à população que necessita e, com isso, retirar da fila das amputações, das hemodiálises e das unidades coronarianas, milhares de pessoas com diabetes grave e sem controle.

Mas, nós, que estamos na linha de frente do tratamento dessas pessoas e que olhamos nos olhos dos pacientes e nos de suas famílias, que buscamos com o amparo da ciência e da ética defender a vida, não nos renderemos, não transigiremos com a inépcia nem com o descaso.

Apelamos aos diretores da ANS para que no seu último momento reconsiderem essa incompreensível atitude e não amputem a esperança das pessoas com diabetes no Brasil.

Fábio Viegas é presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

Fonte: Assessoria de imprensa.

Sobre Priscila Torres

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O diagnóstico de uma doença crônica, em 2006, me tornou, blogueira e ativista digital da saúde. Sou idealizadora do Grupo EncontrAR e Blogueiros da Saúde. Vice-Presidente do Grupar-RP, presidente do EncontrAR. Apaixonada por transformação social, graduanda em Comunicação Social "Jornalismo" na Faculdades Unidas Metropolitanas.

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