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Crenças sobre dores menstruais atrasam diagnóstico da endometriose

Março é mês mundial da conscientização sobre a endometriose. Tema é abordado no programa de rádio Saúde com Ciência

Cólica menstrual intensa, dor durante a relação sexual e na região pélvica ou abdominal não são normais e podem ser sintomas de endometriose. Porém, é comum que a mulher e, até mesmo o médico, minimizem e naturalizem essas queixas, que são entendidas pela nossa cultura como processo natural da menstruação, levando a mulher a conviver anos com esse sofrimento.

Para se ter uma ideia, estima-se que no mundo todo o diagnóstico da doença demora entre sete e dez anos para ser feito. Por isso, no Dia Internacional da Mulher, o Saúde com Ciência alerta para esse problema, que atinge uma a cada 10 mulheres em idade reprodutiva e pode interferir no bem-estar e qualidade de vida delas.

O que é?

A endometriose atinge cerca de 8 milhões de brasileiras, especialmente na faixa etária de 25 a 35 anos, segundo o Ministério da Saúde. A doença crônica e inflamatória é caracterizada quando o endométrio – o tecido que reveste o útero eliminado na menstruação – passa a crescer em outras regiões como ovário, trompa, bexiga e intestino.

Com isso, a mulher pode sentir cólica forte, dor na região pélvica, inclusive fora do período menstrual, ter o funcionamento intestinal alterado ou ainda apresentar infertilidade. Esses sintomas podem aparecer de forma simultânea ou de maneira isolada. No entanto, até 10% dessas mulheres não apresentam nenhum sintoma específico.

Diagnóstico

Para a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina, Márcia Mendonça Carneiro, que é coordenadora da equipe multidisciplinar do Ambulatório de Endometriose e Dor Pélvica Crônica do Hospital das Clínicas da UFMG, um dos problemas no diagnóstico é que tanto médicos quanto as mulheres normalizam a presença de dor.

Por isso, muitas só vão descobrir a doença pela dificuldade de engravidar: cerca de 30% a 40% das mulheres que sofrem de endometriose têm infertilidade. A especialista ressalta que qualquer tipo de dor pélvica precisa de avaliação, principalmente aquela que compromete a qualidade de vida.

“Na hora que a gente vai conversar com mulheres, ela acaba se lembrando: ‘não realmente eu tinha um incomodo quando ia ter relação sexual em determinada posição e acabou que eu me acomodei com meu parceiro em outra posição’. Ou, ‘ah, meu intestino realmente mudava um pouquinho, eu tinha um incomodo durante a menstruação, mas passava’”, exemplifica a professora ao ressaltar a importância da avaliação clínica para o diagnóstico da doença.

A avaliação clínica e o exame ginecológico são os primeiros passos para o diagnóstico, mas a confirmação é feita por meio de exames de imagens, como a ultrassonografia, ressonância magnética ou procedimentos cirúrgicos como laparoscopia para visualizar as lesões.

“Existem poucos profissionais treinados para esse diagnóstico de maneira adequada. Está descrito na literatura que o exame depende do médico que está fazendo ultrassonografia e ressonância, por isso a importância de selecionar onde e quem vai esse exame”, ressalta Márcia Carneiro.

Tratamentos

Não existe cura para a endometriose, mas a doença pode ser tratada para a melhora da saúde física e mental dessa mulher, que pode ter a rotina no trabalho, escola, relacionamento com amigos, família e parcerias prejudicados devido à dor intensa causada pela doença.

A professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Márcia Mendonça Carneiro, explica que para a dor o tratamento vai desde a suspensão da menstruação por meio de anticoncepcionais, mudanças de hábitos de vida, como a adoção de uma dieta anti-inflamatória e prática de atividades físicas, até a realização de terapias alternativas como a acupuntura.

“O tratamento é individualizado. Precisamos conversar com essa mulher para saber qual o problema que aflige mais, se é dor ou dificuldade para engravidar, tem que saber a idade, o desejo reprodutivo e tratamentos anteriores”, analisa.

Para o tratamento da infertilidade, geralmente são propiciadas condições mais favoráveis para que a gravidez ocorra, como medicação que colocam a mulher ovulando para mais. Técnicas de reprodução assistida podem ser um tratamento indireto da infertilidade causada pela endometriose, em outros casos, é preciso avaliar se a cirurgia para ressecção dos focos de endometriose é a melhor alternativa.

Mitos e verdades

É verdade que a endometriose acaba quando a mulher entra na menopausa, já que não irá mais menstruar? E a cirurgia para retirar o útero, corta o mal pela raiz e cura a doença? O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana esclarece alguns mitos sobre a endometriose.

Confira também quais são os principais tipos da doença, fatores associados no seu desenvolvimento, bem como detalhes sobre o diagnóstico e tratamentos.

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.

Fonte: Medicina UFMG.

 

Sobre Priscila Torres

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O diagnóstico de uma doença crônica, em 2006, me tornou, blogueira e ativista digital da saúde. Sou idealizadora do Grupo EncontrAR e Blogueiros da Saúde. Vice-Presidente do Grupar-RP, presidente do EncontrAR. Apaixonada por transformação social, graduanda em Comunicação Social "Jornalismo" na Faculdades Unidas Metropolitanas.

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