A deficiência auditiva é um problema que pode acometer pessoas de diferentes faixas etárias. Em recém-nascidos é consequência, em sua grande maioria, de fatores genéticos e ambientais. Segundo o otorrinolaringologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Gustavo Barros, existem vários fatores de risco associados à deficiência auditiva congênita, como malformações do aparelho auditivo, prematuridade, baixo peso do bebê ao nascer, uso de medicamentos durante a gestação e no período neonatal, dentre outros.
“Ainda é importante salientar que há fatores que podem causar a deficiência após o parto, como internação em UTI (especialmente associada à antibioticoterapia), icterícia neonatal, otites, meningite bacteriana, entre outros”, complementa.
O primeiro método para identificar este tipo de deficiência é feito na maternidade – o teste da orelhinha ou triagem auditiva neonatal. Segundo Barros, se for detectada uma falha na audição, o procedimento deve ser repetido, junto a outros testes mais específicos em caso de necessidade, como o BERA – exame eletrofisiológico que avalia as vias auditivas no sistema nervoso central e periférico.
Nos casos em que a deficiência é tardia, o especialista indica alguns sinais comportamentais que os familiares podem identificar para avaliação da acuidade (percepções dos índices de emissão de ruídos) auditiva, como sustos com sons intensos e a localização da fonte sonora, onde a criança procura focar a atenção em barulhos ambientais como vozes de pais e familiares.
Barros salienta que o tratamento varia de acordo com o grau da perda da audição e a área afetada. “Uma vez constatada a perda auditiva, não importando a causa, é necessário iniciar algum tipo de reabilitação, para que as vias auditivas sejam estimuladas, como o uso de aparelho auditivo”.
Na impossibilidade de aproveitamento do aparelho auditivo convencional, existem atualmente diversas alternativas, como cirurgias reconstrutivas do aparelho auditivo e próteses auditivas implantáveis. A cirurgia do implante coclear se encaixa neste grupo, e consiste em uma tecnologia que transforma o som em um estímulo elétrico, acessando diretamente o nervo auditivo.
“A criança com deficiência auditiva pode ter uma vida como a de outra pessoa sem deficiência, desde que tenha o desenvolvimento adequado e submetida a um tratamento precoce”, reforça o médico.
Além da importância do pré-natal como forma de diminuir o risco da deficiência congênita na infância, o otorrinolaringologista ressalta a atenção que os pais devem ter em manter a carteira de vacinação em dia, não abrir mão do aleitamento materno exclusivo até os seis meses, manter seguimento de puericultura com o pediatra para identificação de possíveis alterações no desenvolvimento infantil e consultar um otorrinolaringologista assim que constatado algum sinal de deficiência auditiva.