Estudo indica que ficar sentado por mais de duas horas diárias pode aumentar em quase 70% a chance de desenvolver a doença
O hábito de permanecer muito tempo sentado pode ser um fator de risco para o surgimento do câncer colorretal. É o que indica uma recente pesquisa divulgada pelo Journal of the National Cancer Institute, da Oxford Academic.
Neste levantamento, das 90 mil mulheres americanas analisadas, 118 casos de câncer colorretal tem relação ao excesso de tempo sentado. Um dos dados que chamam a atenção é que de acordo com o estudo, ficar mais de uma hora diariamente sentado aumentou em 12% o risco em comparação aos que ficaram menos tempo. Já aqueles que permaneceram sentados por mais de duas horas por dia tiveram um aumento de quase 70% do risco da doença.
A análise foi feita em mulheres que não possuíam histórico familiar de câncer de colorretal e não avaliou o índice de massa corpórea (IMC) de cada uma. A causa central dessa ameaça entre a população mais jovem está relacionada ao hábito de permanecer muito mais tempo sentado em frente a computadores e televisores.
Um outro levantamento divulgado pela Sociedade Americana de Câncer (ACS, sigla do inglês American Cancer Society) em 2017, revelou que a taxa de incidência de tumores colorretais entre pessoas em idade adulta nascidas nos anos 1990 vem apresentando um aumento constante ano a ano. Segundo a pesquisa, os chamados Millennials têm o dobro de risco de desenvolver câncer no cólon (segmento do intestino grosso) e quatro vezes mais chances de receber um diagnóstico de câncer no reto em comparação à geração Baby Boomers, que são indivíduos nascidos entre 1946 até a metade da década de 60.
Sedentarismo e má alimentação
A ingestão de alimentos pobres em fibras e vitaminas e o sedentarismo também podem aumentar as chances do aparecimento da doença entre os jovens.
“As principais causas dessa mudança de perfil de paciente estão relacionadas aos maus hábitos cotidianos: falta de exercícios físicos, ingestão excessiva de carne vermelha, comida processada e ingestão de alimentos pobres em vitaminas e fibras, fatores estes que também contribuem para o sobrepeso e obesidade – uma epidemia global que atinge 1,9 bilhões de pessoas globalmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirma o Dr. Andrey Soares, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO), unidade São Paulo do Grupo Oncoclínicas.
Ainda de acordo com o oncologista, a obesidade é o segundo maior fator de risco para o surgimento do câncer, perdendo apenas para o tabagismo. Por isso, o incentivo à prática constante de exercícios físicos, dieta equilibrada, consumo moderado de bebidas alcoólicas e outras medidas simples como evitar o uso do tabaco, surgem não apenas como iniciativas essenciais para frear os índices aumentados do câncer, mas como uma maneira de promoção à qualidade de vida e bem estar geral. Essas medidas contribuem também para a potencialização do processo de tratamento para pessoas diagnosticadas com a doença e outras condições como diabetes e hipertensão.
Diagnóstico precoce
Em 2018, a American Cancer Society estabeleceu novas diretrizes para o rastreamento e prevenção do câncer colorretal. Atualmente é recomendado que os exames preventivos sejam iniciados aos 45 anos.
Existem diversos testes que identificam sinais indiretos de câncer nas fezes, por exemplo, ou através de exames que visualizam internamente o cólon e o reto. Um dos principais exames para a investigação é a colonoscopia. Nos casos de suspeita de câncer, esse exame pode determinar a localização da lesão e permitir a biópsia para confirmação da malignidade.
“Pessoas com histórico familiar deste tipo de tumor ou que tenham condições hereditárias como retocolite ulcerativa crônica ou doença de Crohn, por exemplo, fazem parte de um grupo que deve sempre se manter alerta. Nestes casos, o ideal é que o rastreamento comece aos 40 anos. É importante também frisar que outros fatores de risco podem ser evitados a partir de uma mudança simples de hábitos relacionados à alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e controle do peso”, finaliza o Dr. Andrey.
Fonte: Centro Paulista de Oncologia